terça-feira, 4 de outubro de 2011

Do inferno para a felicidade - Capítulo 1

Me chamo Carolina, prefiro Carol. Só Carol. Tenho 16 anos. Moro em Atlanta, com a minha mãe. Meus pais são separados. Na verdade, sou brasileira. Mas quando meus pais brigaram e resolveram se separar, minha mãe veio morar aqui, já que tinha recebido uma oferta de emprego.

Apesar de desde pequena, sempre ter tido vontade de visitar Atlanta, hoje em dia odeio morar aqui. As pessoas não me tratam bem. Só pelo fato de que não sei falar inglês direito. Me esforço, mas não consigo. Não tenho jeito pra isso.

Já contei pra minha mãe. É contei. Contei que eles ficam me zoando, dizendo que eu tenho problemas na minha língua e que uma menina uma vez, me bateu no rosto; não contei que foi no rosto. Até hoje não sei porquê. Só porque eu não sei falar inglês direito? Se for, ninguém merece.

Eu sei que pra vir morar aqui, eu tenho que saber falar inglês. Mas, não é que eu não saiba. É só que eu não tenho o "sotaque" daqui. Tipo isso. Mas tive que vir. Minha mãe não estava mais aguentando o Brasil com o meu pai enchendo o saco dela. E a namorada do meu pai é chata demais. Então, chance nenhuma de que eu ia ficar lá com ele. Então vim.

Acordei. Primeiro dia de aula. Mais um ano. Mais inferno. Mais chance de ser espancada na escola, sem ninguém para me proteger.

Jessica: E aí meia língua? -esse é a Jessica e meia língua, é meu apelido. Eles dizem que eu não tenho a língua inteira, por isso não falo "normal". A Jessica é a durona da escola. A menina que me bateu.
Carol: Oi. -disse fria e com medo do que ela poderia fazer comigo
Jessica: Hoje, na hora do almoço, tá afim de tomar banho com a minha comida? Eu não tô com fome.
Carol: Hm. -não queria dizer nem sim nem não

E saí do corredor. O mais rápido possível, porém sem correr. Não queria expressar medo.

Fui na secretaria e peguei meus horários. Rezei umas 10 vezes, pra Jessica não ficar na minha turma. E entrei
na minha primeira aula, matemática. Eu adoro matemática.

Esse ano, por sorte, a Jessica não estava na minha turma. Ano passado ela estava, e apesar de adorar matemática, quase repeti na matéria.

Professor: Não vai sentar? -disse para mim, que estava parada na porta impedindo que os outros passassem
Carol: Vou sim. -e sentei
Professor: Esse ano nós vamos aprender bastante matéria. Suas vidas de estudantes estão quase acabando.
Então, já sabem né? Como hoje é o primeiro dia de aula, vou querer que todos falem os seus nomes. -e parei de prestar atenção

Comecei a fazer desenhos no meu caderno. Todos, do Brasil, diziam que eu desenho muito bem. Já fiz aula de desenho, mas hoje em dia não faço mais. Infelizmente. Seria a minha única alegria aqui.

Professor: Ei, e você? -disse para mim- Não vai me responder? - estava tão distraída, que nem percebi que ele estava falando comigo
XxXx: Professor, o nome dela é meia língua. -só aí percebi que era comigo e comecei a prestar atenção
Professor: Não admito apelidos na minha aula. Qual é o seu nome? -me perguntou de novo
Carol: Me chamo Carolina. -disse envergonhada

Não era daqueles que falava muito na aula. Ficava quieta a aula toda. Quando tinha dúvidas, esperava a aula acabar para perguntar. Nunca ouviam minha voz. Só no primeiro dia de aula, como hoje, para falar seus nomes.

PS: Desculpa por não ter entrado ontem, é que eu fui no aeroporto ver o Justin. E não vi ): Fazer o que né. Mas valeu a pena. haha Gostei de ir lá.

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